A contraprova sobre uma possível reinfecção do novo coronavírus (Covid-19) pelo governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (PSL), deu negativa. O anúncio foi feito pelo próprio chefe do Executivo estadual pelas redes sociais nesta quinta-feira (10). O tema chama atenção e causa dúvidas, uma vez que foi confirmado, na noite de quarta-feira (9), o quarto caso de reinfecção no Estado.
O governador havia testado positivo para a Covid-19 no início de julho de 2020. Na ocasião, ele apresentou sintomas como tosse, dor de garganta e febre baixa. Moisés voltou a apresentar sintomas gripais nesta semana e realizou o primeiro teste, de resultado negativo. Após isso, foi realizada a contraprova que também não detectou a presença do vírus.
Segundo a assessoria de imprensa do governo, Moisés está bem e irá retomar a agenda presencial. Com 53 anos, o governador ainda não foi vacinado contra a Covid-19.
O novo caso de reinfecção trata-se de um paciente de 21 anos. Ele fez o primeiro teste que confirmou a presença do vírus no organismo no dia 26 de outubro de 2020 e o segundo no dia 25 de março de 2021, confirmada a reinfecção nesta quarta-feira.
De acordo com o médico infectologista Martoni Moura e Silva, é incerto afirmar que em casos de reinfecção o paciente sinta sintomas mais graves do que da primeira vez. “Cada cenário é um cenário. O paciente precisa ser avaliado de maneira individualizada”, explica o médico.
“Quem teve a doença normalmente cria anticorpos e, consequentemente, tem uma taxa de defesa mais elevada. Mas isso varia, existem as variantes. Tudo tem que ser particularizado. Esperamos que não circulem muitas mutações do vírus”, completa.
Ainda não existe um consenso sobre a duração e a eficácia dos anticorpos produzidos pelo organismo contra o SARS-CoV-2. Um estudo publicado no periódico Lancet Microbe, em março, trouxe novas evidências de que a duração pode variar de uma pessoa para outra.
A reinfecção
Profissionais de saúde exigem um intervalo mínimo de 90 dias entre a primeira e a segunda infecção, o que ajuda a descartar a possibilidade do mesmo vírus ter permanecido no organismo por um longo tempo. Além disso, segundo o médico, é necessário realizar um sequenciamento genético do vírus nas duas ocasiões que ele invadiu o corpo.
Outra exigência para determinar a reinfecção é que o paciente tenha dois resultados positivos pelo exame de RT-PCR.
Uma das hipóteses para a reinfecção é de que o sistema imunológico do indivíduo, por algum motivo, não tenha criado barreiras adequadas contra o vírus. Além disso, as diferentes variantes que circulam pelo país contribuem para o cenário.
Como exemplo, pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus divulgaram, afirmaram que estudos preliminares apontavam que a variante P1, descoberta pela primeira vez em Manaus, seria capaz de driblar o sistema imunológico de 25% a 61% dos infectados com o “Sars-CoV-2 original”.
“O princípio de tudo é seguir as recomendações de saúde indicadas. Utilizar máscaras, lavar as mãos em abundância, até que tenhamos pessoas suficientes vacinadas para que haja a diminuição da circulação do vírus”, explica Martoni.
Explosão de casos ativos em SC
A explosão de casos ativos de Covid-19 em Santa Catarina nas últimas 24 horas — 3.011 no total — e a maior taxa de letalidade para a doença desde o início da crise sanitária acendem o alerta de que o Estado está em um platô alto.
Segundo o último boletim do Estado há 22. 105 casos ativos. Nesta quinta-feira (10), a taxa de ocupação de leitos de Covid-19 adulto é de 97,17%, com apenas 29 leitos disponíveis em todas as regiões de Santa Catarina.